quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quanto vale um voto?

Agora que acabou a Copa do Mundo e o goleiro do Flamengo está preso, sobrou um espaço nos jornais para falar sobre as eleições deste ano. Em novembro o Brasil elege um novo presidente, além dos governadores dos Estados e Distrito Federal. Também serão renovados (modo de dizer) os deputados estaduais e federais e dois terços do Senado.

Na eleição para senador e para os cargos executivos (presidente e governador) o critério para definir o vencedor é muito simples: quem tem mais votos leva. No caso do primeiro, os dois melhores colocados ficam com as cadeiras no Senado, já nos outros dois se nenhum candidato atingir mais da metade dos votos válidos (que exclui os brancos e nulos), se faz necessário um segundo turno entre os dois primeiros do pleito. Após nova votação o que obtiver a maioria é o eleito.

No caso dos deputados a eleição é um pouco mais complicada. Na câmara federal a diferença já começa na quantidade de vagas de cada Estado. Ao contrário do Senado, onde cada unidade da federação tem três cadeiras, o número de representantes é proporcional à população, com um mínimo de oito e máximo de 70 deputados, totalizando 510.

Vamos partir do princípio que São Paulo possui 70 vagas. O que é necessário para eleger um deputado? Mais uma vez, invento um número. Digamos que sejam sete milhões de votos. Como o sistema é proporcional, as cadeiras serão distribuídas de acordo com a proporção de votos. Um detalhe importante: os votos são do partido e não do candidato. Então vamos lá: se o partido X conseguir 3,5 milhões de votos (50%) somando todos os seus candidatos e os votos na legenda, ele terá direito à 35 deputados federais. Os eleitos serão os 35 mais votados da legenda, não importa quantos votos eles tenham recebido.

Esse tipo de sistema causa algumas aberrações. Vamos supor que um candidato do partido Y conseguiu 2 milhões de votos. O segundo colocado de seu partido obteve apenas 320. Apesar disso, os dois são eleitos, pois os votos do primeiro garantem duas vagas. O 36º colocado do partido X, que teve a preferência de 15 mil eleitores fica de fora. Um bom exemplo disso foi a eleição de Paulo Maluf, que levou com ele alguns companheiros de partido que não conseguiram boa votação. O sistema é o mesmo para deputados estaduais e vereadores.

Para encerrar queria explicar uma coisa. Esse boato que diz que se a metade mais um dos votos for nulo força uma nova eleição com outros candidatos, é uma grande mentira! Lembre-se, votar em branco ou nulo vale apenas para o primeiro colocado, pois diminui o número de votos necessários para atingir a maioria. Sei que soa batido, mas exerça sua cidadania, escolha um candidato e vote nele.