quinta-feira, 14 de abril de 2011

Preconceito, provocação ou opinião?

Nos últimos dias uma enorme discussão a respeito de discriminação e preconceito veio à tona. Primeiro o deputado Jair Bolsonaro declarou publicamente que não gosta de homossexuais e é contra o sistema de cotas (não vou entrar na discussão da pergunta da Preta Gil).

Depois vieram dois casos quase ao mesmo tempo. Um atirador que supostamente sofria de bullying matou 12 crianças em uma escola no Rio de Janeiro e um jogador de vôlei foi hostilizado pela torcida adversária com gritos de "bicha" em partida da Superliga.

Por partes. O nobre deputado apenas utilizou o seu direito de expressão, não atacou nem incitou violência contra nenhum grupo. Se você concorda ou não com o que ele disse, isso é outra coisa. Já o rapaz do Rio de Janeiro, claramente sofria de problemas mentais, então acredito que com ou sem bullying ele seria capaz de tamanha loucura. Mas vamos ao último caso, que para mim é o mais curioso.

Após a partida, devido à repercussão dos atos da torcida, Michael, o jogador alvo dos gritos, declarou ser homossexual. O Cruzeiro, mandante do jogo, foi punido em 50 mil reais por causa da manifestação. Aí me veio a pergunta: se o atleta já dava sinais de ser gay e era uma partida decisiva, chamá-lo de bicha, não era apenas parte do jogo, uma maneira de desequilibrá-lo?

Acredito que muitos que leêm agora esse texto já foram a uma partida de futebol ou outro esporte qualquer e viram a torcida hostilizando adversários ou juízes. As torcidas de Palmeiras e Corinthians costumam gritar o refrão "Ô bicharada!" para os são paulinos em todos os confrontos. Nunca foi aplicada nenhuma multa a ninguém. Quer dizer então que a multa se aplica somente quando o alvo é realmente aquilo que se diz?

Já imaginou se todos os juízes entrassem na justiça pedindo uma indenização por terem sido xingados? Pense só o Celso Roth, nunca mais iria precisar trabalhar, só pelo que já foi chamado de burro...  Precisa acabar essa ditadura do politicamente correto, precisamos aceitar as diferenças, não só de opção sexual, cor de pele ou religiosa, mas também entender que nem todos pensam a mesma coisa.

Existem tantas pessoas a favor do Bolsonaro quanto a favor do Michael. A beleza da democracia está nisso. Pensamos de maneira diferente e precisamos conviver com isso. Principalmente diferenciar opinião, provocação e preconceito, porque todos eles existem. E muito.