quarta-feira, 31 de março de 2010

Então quer dizer que eu sou burro?

Estou desempregado. Desde o primeiro dia de dezembro de 2009 eu não tenho trabalho. Amanhã eu completo quatro meses nessa situação. E hoje uma vaga que vi me deixou realmente chateado. Antigamente uma pessoa que não tinha o colegial (hoje chamado de ensino médio) não conseguia trabalho. Depois não bastava estudar até os 17 anos, você precisava de um curso técnico ou de uma faculdade.

Agora vivemos o maior dos absurdos. Veja essa vaga para jornalista recém-formado que eu achei hoje:


SP – Jornalista
Formado em uma das seguintes universidades/ faculdades: ECA-USP; UNESP; PUC; METODISTA; CÁSPER LÍBERO, MACKENZIE ou Universidades Federais
Horário: de segunda a sexta das 06h às 11h Um plantão mensal – sábado e domingo – das 7h30 às 11h30
Tarefas:
- clipping eletrônico
- pesquisa na internet
- inserção de materias em bancos de dados
- atualização de website

Quer dizer que eu e todos os outros jornalistas recém-formados que não estudaram nas faculdades citadas não somos capazes de fazer clipping, pesquisa na internet, inserção de matérias em banco de dados e atualizar um site? Eu não sabia que a Uniban formava analfabetos.

Fico muito decepcionado em saber que agora não basta ter o diploma de ensino superior, você tem que ter um diploma de determinada instituição, pois essa faculdade que você fez é uma porcaria, logo você também é uma porcaria. Isso é um preconceito idiota. Tenho certeza que sou mais capaz que muitos que frequentaram essas universidades, assim como existem pessoas mais capazes que eu que se formaram na minha turma.

O que eu não consigo entender é porque eu sou descartado simplesmente por não ter feito USP? Eu entrei na faculdade com uma bolsa do Pró-Uni, coisa que hoje quase todo aluno da rede pública tenta e não consegue. Mas mesmo assim havia pessoas melhores do que eu que tinham bolsa de 50%, ou que sequer tinham conseguido o desconto na mensalidade. Uma prova não determina quem é mais inteligente, ou tem mais cultura.

Quando trabalhava no Guia de Cidades do Terra vi muitos estudantes de diversar faculdades tentando uma vaga de estágio lá. E não via diferenças entre um estudante do Mackenzie para um da Uniban, pelo contrário, o quadro contava com dois estudantes da UMC, dois do Mackenzie, quatro da Uniban e três da São Judas, todos praticamente no mesmo nível no que diz respeito à qualidade do texto, claro com diferenças de acordo com o ano que a pessoas cursava do curso.

Eu mesmo venci um concurso da Rádio Cultura concorrendo com todas as faculdades de São Paulo. Tomara que empresas como essa que procurava um jornalista sejam exceções, porque se já não bastasse o Supremo dizer que não precisa do diploma para ser jornalista, agora as empresas jornalísticas dizem que a minha graduação não tem o mesmo valor de outras.

3 comentários:

  1. Desculpe, Vavá, mas acredito que é um erro de interpretação... sua! Você, meu querido, está acima das especificações para a tarefa requerida no distinto empreguinho da empresinha que está contratando.

    As maiores empresas, conforme link que tuitei ontem, têm preferência, SIM, por alunos de outras faculdades. Entre os motivos apresentados? Estes têm mais garra e demonstram mais competência do que aqueles que vêm de "faculdades tradicionais".

    Fique tranquilo, meu caro amigo. Até mesmo eu, professor, já fui preterido para o cargo de professor em outra faculdade "tradicional", e foi este ano. Sabe quem perdeu com isso, não é? Então saiba: este "empregador" do anúncio está é perdendo muitas oportunidades de crescer (porque pode ser uma empresa grande, mas jamais será uma GRANDE EMPRESA)!

    Abrz.

    Nakamura (Twitter: @jetsethr)

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  2. É Vavá... já passei por isso meu caro. E sei que vou passar novamente.
    Mas penso que o Naka está certo.
    Até por que os caras que fizeram o jornalismo acontecer, aqueles que eu admiro, sequer faculdade fizeram.

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  3. A empresa pode sofrer processo.
    Assim como desclassificar uma candidtado por ser negro, pobre, a escolha de faculdade tb caracteriza discriminação, pois usufruem da minoria pra uma atividade que deveria ser aberta ao público.

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