quinta-feira, 18 de março de 2010

Minha velha infância

Nos últimos dias tenho arrumado as coisas aqui em casa, como já citei antes. Ontem encontrei o álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 2006. Sim eu sei que o título do post é Minha velha infância. Esse livro me fez lembrar todos os outros álbuns que eu colecionei, de campeonatos paulista, brasileiro, outras copas, lembro muito bem que tinha uns cards do campeonato italiano, eram tão legais que vinham em italiano mesmo. Eu e meu irmão usávamos os atributos de cada jogador para brincar de Super Trunfo.

Hoje encontrei fotos das festas escolares do meu irmão de 11 anos de quando ele era uma inocente criança de quatro, cinco anos. Elas me fizeram lembrar do meu tempo de criancinha. Ainda encontrei uma revista falando de todas as inovações que o incrível Neo-Geo iria implantar no mundo dos videogames.

Aí me lembrei de um exercício da faculdade que era um texto sobre a minha rua, que segue abaixo:

Eu fui o que se chama de menino de apartamento. Minha infância foi toda vivida naqueles poucos metros quadrados de área de lazer. A piscina, o salão de jogos, a quadra poliesportiva e, é claro, o playground.

Mesmo com as comodidades do prédio, a minha maior alegria era ir para o sítio de algum colega. Já que meus pais não possuíam um, a saída era visitar o dos amigos. Foi lá que eu aprendi a subir em árvores, roubar frutas do pé, matar sapo ou rato, entre tantas outras atividades das crianças que brincavam nas ruas aquela época. Isso me fazia um pouco menos “extraterrestre” quando ia para a casa de alguém e tinha que brincar na rua, pois eu não tinha aquela malícia que eles tinham.
É cada vez mais comum meninos e meninas crescerem em apartamentos. As grandes avenidas e o aumento da violência não permitem mais que vejamos crianças brincando nas ruas dos bairros. Não existe mais o futebol com traves de chinelo, a rede de vôlei amarrada nos postes, a brincadeira de pique-esconde, o jogo de taco que sempre para quando passa um carro.

Em nome de um bem-estar dos pequenos e dos adultos, condomínios como o meu são construídos em escalas maiores que as casas. Mas será mesmo que é melhor viver em um prédio com apartamentos espaçosos, com living room, fitness room, espaço gourmet, lan house e tantas outras modernidades?

Hoje eu continuo morando no mesmo prédio da minha infância. A quadra está toda rachada e com as traves enferrujadas, a piscina só serve para os “mais velhos”, que ficam bebendo cerveja e ouvindo som alto, não tem mais aquela agitação de antigamente. Não vejo os campeonatos de futebol, o pega-pega na piscina, as brincadeiras com baralho ou jogos de tabuleiro da minha infância. As crianças estão fadadas a ficarem em seus quartos, sozinhas teclando com os amigos que moram na mesma rua, no mesmo prédio, e que estão sempre ocupados demais para conversar pessoalmente. E eu que achava ruim ser menino de apartamento...

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